Histórico

A criação de um curso de Mestrado Acadêmico em Ciência Política, com área de concentração também em Ciência Política, resultou, inicialmente, da congregação de esforços de professores pesquisadores da Universidade Federal da Bahia que integram o Departamento de Ciência Política, atualmente composto por 11 professores em Regime de Dedicação Exclusiva. A essa iniciativa agregam-se docentes ligados a outros Departamentos da UFBa, cujos interesses de pesquisa convergiram para essa proposta.
 
O Departamento de Ciência Política (DCP) da UFBA é um dos mais antigos do Brasil, fundado em 7 de agosto de 1969. O quadro docente da época fixou marca de pioneirismo ao construir um departamento quando nem ao menos se sabia como seria a condução da rotina acadêmica após a reforma universitária de 1968, que extinguiu o regime de cátedra e criou o regime departamental. A primeira geração de professores do DCP foi formada por bacharéis em Direito, fato que contribuiu para influenciar suas agendas de pesquisa, voltadas a estudos do Estado e Instituições Políticas no Brasil. 
 
A criação do DCP foi, portanto, contemporânea de iniciativas pioneiras de demarcação de espaço acadêmico autônomo para a área de conhecimento da Ciência Política. Contudo, até hoje, sua participação primordial no curso de graduação não se estendeu ao nível de Pós-graduação, em que pese a participação de professores do departamento no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, integrando a sua linha de pesquisa “Democracia, Estado e Contestação Política”. 
 
Os proponentes identificaram, então, a necessidade de construir o curso por entenderem que temáticas de ensino e linha de pesquisa ligadas atualmente ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (do qual participam seis membros do DCP) poderiam ser desdobradas e/ou aprofundadas por meio do desenho institucional e acadêmico especificamente localizada no âmbito da Ciência Política. 
 
A ausência, ou insuficiência desses desdobramentos e aprofundamentos traziam limitações ao trabalho dos docentes ligados à área da Ciência Política na Universidade Federal da Bahia, no que tange a atividades de pesquisa e de formação de quadros acadêmicos dessa área. De alguma maneira, a definição da referida linha de pesquisa retratava interesses presentes na agenda dos docentes do DCP, como estudos sobre democracias contemporâneas e da dinâmica da participação política que ocorre nesse quadro, por meio dos movimentos sociais e de contestação política. Entretanto, era preciso, além de atualizar permanentemente a reflexão sobre tais temas, aprofundá-los do ponto de vista da ciência política, bem como incorporar outros, sobretudo no que tange à discussão sobre novas configurações do Estado, suas instituições e repercussões sobre movimentos políticos institucionalizados e suas relações com a sociedade. Também – e não  menos importante - cumpria preencher lacunas na exploração de temáticas da filosofia política, da teoria política, do pensamento político brasileiro, bem como de questões institucionais que envolvem debate sobre processos de políticas públicas e suas interfaces, incorporando diálogos, dentre outros, com a sociologia, a economia, o urbanismo, a administração pública, o direito e as relações internacionais. 
 
As limitações refletiam-se, por exemplo, no fato de que, apesar do Bacharelado em Ciências Sociais na UFBA existir há cinco décadas, permitindo a quem nele ingressa a opção por três habilitações específicas (Antropologia, Ciência Política e Sociologia), só a partir de meados da década passada verificou-se uma incidência mais significativa de concluintes na habilitação em Ciência Política. Isso ocorre concomitantemente à alteração, a partir de concursos frequentemente realizados desde 2005, do perfil do quadro docente do DCP. Revertendo a sua configuração original, derivada da migração de quadros de outras áreas, cresceu e se tornou amplamente majoritário o número de docentes com formação específica na área da Ciência Política, vários deles egressos de centros de Pós-Graduação de grande prestígio na comunidade acadêmica da Ciência Política, como a USP, o antigo IUPERJ (hoje IESP-UERJ), a UFRGS e a Queen Mary Universityof London.
 
A mudança de perfil promoveu ainda uma salutar renovação do quadro docente do Departamento, sob o aspecto geracional. Principalmente a partir dos dois últimos concursos (2015 e 2016), em que foram aprovados quatro jovens doutores, um novo e melhor equilíbrio entre três gerações de docentes e pesquisadores permitiu projetar, no tempo, boas condições de sustentabilidade institucional ao novo Programa. Frise-se que esse reforço de jovens quadros contribuirá para a produtividade acadêmica do corpo docente do Programa, por serem autores de artigos recentemente publicados em periódicos bem avaliados, contribuição que  ocorrerá também, através da intensificação de atividades de orientação, que a criação do Mestrado ensejou a esses quadros acadêmicos em intenso processo de amadurecimento. 
 
Todas essas condições favoráveis permitidas pelo processo de renovação do Departamento de Ciência Política necessitam, para serem assimiladas em proveito institucional e acadêmico da UFBA, do aporte de um programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Entendemos que isso permitirá o desenvolvimento da disciplina em nível cada vez mais avançado, com reflexos positivos para a formação de quadros das Ciências Sociais. Além dos mestres que diretamente formará, o curso contribuirá positivamente para a qualidade dos quadros formados no nível de Bacharelado e tem como propósito criar, num horizonte de tempo que estimamos ser breve, um Doutorado. 
 
O Programa é, então, uma iniciativa também destinada a saldar uma dívida da Universidade Federal da Bahia para com o desenvolvimento da Ciência Política no País. O desenho do curso reflete essa compreensão. Desde a definição dos objetivos ressalta-se a decisão de investir na formação de professores e pesquisadores nesse campo específico, compreendendo essa formação ao mesmo tempo como aprofundamento disciplinar à luz de avanços teóricos e metodológicos da disciplina e como diálogo interdisciplinar.